Apresentação do livro "Segredos de Passaporte 2"

Américo – um grande viajante, pode-se dizer que é assim que sou conhecido nas empresas em que trabalhei. Apesar de não ter sido “o descobridor”, andei por esse mundo, igualmente a trabalho, como fez meu homônimo, há mais de 500 anos.


Ele descobriu terras longínquas e eu, dentro da missão que me cabia, as redescobri, passando situações desafiadoras, curiosas e emocionantes. Elas estão descritas, em grande parte, neste meu novo livro “SEGREDOS DE PASSAPORTE 2”.


Tenho certeza de que ele exercerá forte atração para aqueles que se propõem a trilhar o caminho dos Américos, ou será, o caminho das Américas? Mas por que só Américas, se andei também pela Europa, a Ásia, a África, e a Oceania? Caminhei pelas ruas de Paris, da bela Saint Tropez, da mágica Viena, da surpreendente Xangai e da turbulenta Jacarta? Conheci grandes maestros e escritores, enigmáticos personagens, empresários poderosos, executivos de toda a natureza e pessoas comuns do dia a dia.


Também cruzei com mulheres hábeis e competentes sendo que, em certa ocasião, fui surpreendido com o charme de uma delas, bonita e famosa, ao fazer beicinho para dizer:

Je suis désolé...


No desafio de levar os produtos brasileiros para o mundo, desenvolvi métodos eficazes de conquista de novos mercados; as tais relações internacionais foram sempre o meu maior prazer por todos esses anos. O livro conta TUDO, bem, tudo o que posso contar. São cases de grandes empresas, tais como a WEG, General Electric, Philco-Ford e Eberle.


Tornei-me amigo e confidente de grandes empresários, de celebridades, de pessoas influentes, e até de herdeiros reais. Dentre eles fiz grandes Amigos.


Por isso mesmo, recomendo o Segredos de Passaporte 2, da mesma forma que tem acontecido com o primeiro livro Segredos de Passaporte – Crônicas de um Executivo Internacional; ele tem sido usado, com muito sucesso, como leitura complementar para professores e alunos de universidades, executivos de todas as áreas empresariais, jornalistas e pessoas em geral, interessadas no tema de Relações Internacionais.


Fatos reais, são os que conto, fatos reais fazem parte da minha trajetória profissional, que teve início na General Electric, na década de 60, como engenheiro de vendas. Depois, como Diretor Comercial da Eberle, Philco-Ford e WEG, onde participei do planejamento, implantação e consolidação de operações mercadológicas nos cinco continentes. Em grande parte da minha jornada internacional, não havia os recursos atuais de informática e comunicações. Por isso foi indispensável atuação pessoal direta no desenvolvimento dos mercados. As constantes viagens me deram oportunidade de conhecer muitos países. Pude absorver aspectos importantes da cultura de vários povos, seus costumes, histórias e crenças. Assim, as interações ficaram muito facilitadas.


Sabia, de antemão, o que seria adequado ou inadequado nos negócios e nas relações pessoais.


Os acontecimentos narrados nesses livros, cobrindo 38 anos, são do conhecimento de muitas pessoas. Foram elas que me estimularam a colocá-los no papel.


Acreditaram que a minha jornada, rica em aventuras e experiências, pudesse servir de motivação àqueles que se interessam pelo tema das Relações Internacionais.


Esclareço que relações não se estabelecem entre nações, empresas, entidades, mas entre pessoas. E é exatamente isso que abordo em meus livros, o fascinante universo das interações entre seres humanos, tanto no plano pessoal como profissional.


Não se trata de autobiografia, mas de alguns eventos reais, ocorridos durante minhas atividades profissionais. Elas exigiram aprimoramento constante no trato das questões internacionais. As inúmeras manifestações favoráveis ao meu primeiro livro que me levaram a continuar relatando minhas experiências no Volume 2, doravante à disposição dos leitores.


Procurei preencher minhas viagens com participações em seminários, estágios, feiras e cursos afins. Atualmente sou consultor e palestrante.


Talvez pelo fato de ser oriundo de família de livreiros, sempre tive verdadeira paixão por livros. Em todos os lugares, as livrarias foram meus pontos de referência na busca de cultura e lazer. Os livros, como companheiros inseparáveis, ajudaram-me a suportar as longas viagens aéreas, as esperas intermináveis nos aeroportos e a solidão dos hotéis.


Estes livros (1 e 2) podem ser lidos em qualquer ordem, pois os capítulos são independentes. Procurei adotar estilo simples, bem-humorado e com pitada de suspense.


Embora essa leveza possa tornar a leitura mais agradável, ressalto que os fatos aqui narrados contêm exemplos concretos de como o comportamento das pessoas determina a condução e o desfecho de negociações em várias partes do mundo.


Não atribuí demasiada importância às técnicas convencionais de argumentação, nem às influências culturais dos povos. Combinei os dois aspectos para chegar à solução recomendada por Buda: o caminho do meio.


Desejo a todos uma boa leitura!

sábado, 18 de junho de 2011

Entrevista para o jornal PIONEIRO, fotos dos lançamentos (março de 2008) e reportagens sobre o livro


O que um executivo deve saber


Profissional de grupos como General Electric, Eberle, Philco-Ford e Weg, Américo Ribeiro Mendes Netto fala de experiência internacional.


No livro Segredos de Passaporte, engenheiro conta casos curiosos de negociações no Exterior

Caxias do Sul - Com oito passaportes na bagagem, o caxiense Américo Ribeiro Mendes Netto, 71 anos, percorreu o mundo em 38 anos como executivo de grandes empresas. Em países como Japão, Tailândia, Indonésia, Emirados Árabes, Arábia Saudita e México, colheu experiência e histórias curiosas, que resolveu contar no livro Segredos de Passaporte, lançado no dia 11 de março. A publicação saiu tarde, conta Mendes, que sempre ouviu pedidos de colegas e conhecidos para registrar o que aprendeu em negociações realizadas em culturas tão diferentes. No ano passado, resolveu colocar no papel.

- Procurei usar um pouco de humor, um pouco de suspense, para tornar a leitura mais fácil. Mas tudo é verdadeiro - afirma o engenheiro, que trabalhou na Eberle, na Weg, na Philco e na General Eletric.

O objetivo da publicação, ressalta Mendes, não é dar conselhos ou ditar regras, apenas contar histórias. Mas qualquer empresário que queira fazer negócios no Exterior pode aprender que, numa transação, mais importante que as empresas, são as pessoas, ou que é mais fácil fechar um contrato num happy hour do que numa sala de reuniões.

- Não é uma autobiografia. São casos reais que aconteceram em várias partes do mundo.

Alguns desses casos, o hoje consultor e palestrante na área de mercado internacional contou em entrevista ao Pioneiro.

Culturas diferentes

- No geral, passei por mais de 60 países, me fixei mais em alguns. Tive bastante atuação no Extremo Oriente, Japão, Coréia, China, Hong Kong, Tailândia, e também no Oriente Médio, Emirados Árabes, Arábia Saudita e Egito. Uma coisa que muitos não aceitam é que todos os seres humanos são iguais. Ele pode ter culturas diferentes, hábitos. A primeira coisa é entender como a pessoa é. A convivência me deu bastante conhecimento. O que um chinês pensa, o que um japonês pensa, quando senta numa mesa para fazer negócios? Como é a vida dele? Ou um alemão, um americano. Isso foi me ajudando bastante a ver o que eu podia esperar e o que eu não podia esperar. Uma reunião com japoneses durou quatro horas, terminou e não se tinha decidido nada. Um assunto banal. Saímos da reunião, descemos uma escada, e ele disse: "sobre aquele assunto, estamos de acordo." Em compensação, na Alemanha, no tempo que trabalhava na Eberle, negociamos baionetas para as forças da Otan, e tinha uma empresa lá com grande negócio e não havia jeito de resolver. Fui lá, era uma fábrica de armas. A reunião durou 40 minutos, era um negócio enorme. Resolvi e fui embora.

Etiqueta árabe

- Dubai e Abu Dhabi são as duas cidades principais dos Emirados Árabes. Há uma estrada de 200 quilômetros que atravessa o deserto. Eu tinha uma reunião em Abu Dhabi, para introduzir os motores da Weg. Quando saio de Dubai, o motorista que estava comigo bate em outro carro. E lá nos Emirados as coisas começam muito cedo por causa do calor. Meu compromisso era de manhã. Com a batida, chegamos com três horas de atraso. Pensei, estou perdido. Em Dubai, não aconteceu nada. O camarada me recebeu e disse que os convidados - eram 14 - não tinham chegado ainda. Me colocaram numa sala com ar-condicionado, chá de hortelã gelado. Esperei mais duas horas, e eles começaram a chegar. Não pediram desculpa, nada. No mundo árabe, não dá para marcar nada. Não existe horário para eles.

Choques

- Em Dubai, fui numa feira de equipamentos para água. Aí noto que concorrentes de várias marcas pertencem a um dono só, um sheik. Ele deixa o pessoal brigar no mercado, mas é o dono. Eu conversei com esse sheik e ele me mostrou um modelo que me ajudou. Ele tinha 28 anos, estudou em Oxford. As quatro empresas eram dele, concorrentes entre si. Uma delas era minha cliente. Aqui eu ficaria indignado. Outro choque que a gente tem é o México. O mexicano é calmo, bem-humorado, não se altera com nada, almoça às 3h da tarde e vai jantar às 10h da noite. Não adianta combinar uma reunião para discutir um assunto. Você faz uma ata e eles nem lêem. De repente, resolvem. A parte social é a vida. Qualquer mal-entendido pessoal, você está ferrado. Tem que ter paciência, eles falam da família.

Pessoas

- Você tem que saber com quem está falando. Com americano, inglês, canadense, você pode estalecer uma agenda. Eles são mais objetivos. Você pode focar um assunto, discutir. Com japonês e árabe, é mais difícil. Não é que eles estejam errados. Eu tinha dois colegas que estavam brabos, indignados. Eu dizia, eles são assim. Quer fazer negócio? Conhece o lado humano deles. No Japão, eles não fumam no local de trabalho. Então eles são loucos para marcar uma reunião fora da sala deles. Ficamos numa sala, os três fumando como desesperados. Nossa negociação era em inglês. De repente, eles começam a falar em japonês entre eles. Não entendi nada. Dali a pouco, eles ficaram em silêncio. Pensei, será que fiz alguma bobagem? Aos poucos fui entendendo que fazia parte da cultura zen-budista. Eles precisavam parar, limpar a mente. O japonês jamais dá a entender que há qualquer desentendimento entre eles. Tudo o que é falado é decidido por consenso. Sabendo disso, não adianta querer informações de um ou de outro. Eles nunca vão dar opinião. O chinês, sim, dá opinião, toma decisões. Eles são diferentes. Numa reunião com coreanos, tem que ter muito cuidado quando fala do Japão. Eles têm uma desavença histórica.

Projeto

- Participei de um grande empreendimento na Arábia Saudita. Tem usinas de dessalinização de água do mar. Eles pegam a água do mar, tiram o sal, e e ela fica potável. É um projeto gigantesco. Como você vai descobrir quem é a pessoa, como eles agem? Eles não têm mão-de-obra especializada. Contratam uma empresa para fazer o projeto. A Weg fez um grande pacote na Arábia nesse caso da usina. Estava tudo pronto, os equipamentos já em fabricação, um negócio enorme. Um dia, em Jaraguá do Sul, aparece na portaria uma pessoa, parecia um mendigo, maltrapilho. Queria falar comigo, disse que vinha da Europa, queria dar uma olhada no equipamento. Disse que era consultor do dono. Eram 17 motores, todo mundo orgulhoso. Ele quis ver a folha de testes. Resumindo, tivemos que mandar todos os motores para um laboratório na Escócia, pagamos uma fortuna, para poder concluir. Lição para o futuro: descobrir quem é o consultor do sheik. Muitas empresas brasileiras quase foram à falência por não compreender que num contrato pode ter surpresas. Sabe como se tenta descobrir? Num happy hour.

O Brasil lá fora

- Alguns empresários fazem um trabalho admirável. Eles conseguiram mostrar que isso aqui não é terra de índio. Tem um parque eletromecânico, eletrônico. Mas tem muita falta de experiência. O camarada pensa que tem um bom preço, oferece e está tudo resolvido. Aumentam as devoluções. A reputação em muitos campos ficou muito abalada pelo amadorismo. Durante muitas décadas, o país só queria exportar, não permitia a importação. Está melhorando, o Brasil está reduzindo os impostos de importação. Tem um longo caminho a percorrer.

Com 26 capítulos, Segredos de Passaporte - Crônicas de um Executivo Internacional, de Américo Ribeiro Mendes Netto, é uma publicação da editora Literalis, de Porto Alegre. O preço é R$ 29. O livro traz fotos do autor em suas passagens por vários cantos do mundo, além de imagens de seus vistos carimbados.


Abril, 2008.

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